Uma máquina de café que deixou de funcionar? Uma perna partida numa mesa? A solução pode estar, afinal, nas mãos de cada um, como está, a partir de hoje, nas do Vítor e do Bruno. Os técnicos da Porto Ambiente estarão, diariamente, no novo (ainda que, também ele, reaproveitado) Eco Porto, instalado no Ecocentro da Prelada, a dar uma nova vida aos produtos que deixámos de usar por considerarmos estragados. Um passo mais, um resíduo a menos, no "caminho que todos temos que percorrer" por uma efetiva e "absolutamente necessária e inevitável" circularidade económica.
De portas abertas a toda a comunidade, o Centro para a Circularidade da Cidade nasce da necessidade de encontrar solução para as cerca de 97 toneladas de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, as 336 toneladas de objetos fora de uso e as 837 toneladas de resíduos de madeiras que o Município do Porto recolheu, só no ano passado.
"Deitamos fora produtos sem a preocupação de os reciclar e isto conduz a um uso excessivo de materiais, de recursos que o mundo não tem", sublinha o vice-presidente da Câmara. Na apresentação do Eco Porto, um dia antes do Dia Nacional da Sustentabilidade, Filipe Araújo lembrou que a reutilização de 10% destes materiais resultaria no evitar da emissão de mais de 300 toneladas de CO2 equivalente para a atmosfera.
Noutra dimensão, esta reutilização é potenciadora da criação de cerca de sete postos de trabalho.
É absolutamente necessária e inevitável a transição para uma economia cada vez mais circular”
Preocupado com "a quantidade de material em tão bom estado" que era descartado e com o "desperdício constante que presenciamos no dia-a-dia", o também vereador do Ambiente e da Transição Climática considera "absolutamente necessária e inevitável" a transição para uma economia cada vez mais circular, para a qual todos estão convocados.
Literalmente. Isto porque, mais do que uma oficina de reparação de eletrodomésticos, mobiliário e computadores, o Eco Porto quer ser um local de formação e capacitação para que qualquer cidadão possa aprender a recuperar objetos e equipamentos que tenha em casa aparentemente sem conserto.
Mas o círculo só se fecha, verdadeiramente, com a entrega, absolutamente gratuita, destes objetos reparados a quem lhes der um novo uso: sejam entidades de cariz social ou qualquer munícipe ou empresa que neles mostre interesse.
Além dos benefícios ambientais que esta maior reutilização de materiais e redução da produção de resíduos traz consigo, o Eco Porto oferece, ainda, vantagens económicas, seja por permitir a aquisição de produtos sem qualquer custo, seja por "potenciar a criação de novos negócios e dar visibilidade aos que já existem", ligados à economia circular.
Se continuarmos numa lógica de sociedade que tudo deita fora, o mundo não aguenta esse caminho”
Por fim, Filipe Araújo afirma que o projeto é, igualmente, indutor de novos hábitos de consumo mais sustentáveis. "Este é um caminho que todos temos de percorrer, que nos leva aos objetivos que temos como cidade", sublinha o vice-presidente.
Para o vereador do Ambiente e da Transição Climática, "esta era a ferramenta que nos faltava e que pode ser absolutamente transformadora da forma como tratamos o tema da circularidade".
"É nossa obrigação como sociedade permitir que outras pessoas usufruam destes materiais", considera Filipe Araújo, porque, "se continuarmos numa lógica de sociedade que tudo deita fora, o mundo não aguenta esse caminho. E a cidade do Porto pode dar o exemplo".
Para lá das paredes físicas – também elas contentores reutilizados – o Eco Porto está disponível numa plataforma digital onde é possível aos munícipes e entidades saber os materiais/produtos reparados e existentes em armazém para doação.
Até ao final do ano, estão previstas atividades de dinamização desta circularidade entre workshops de restauro de mobiliário, sessões de capacitação de reparação de computadores, repair cafés, um mercado de segunda mão e oficinas temáticas.
O Centro para a Circularidade da Cidade do Porto funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, e aos sábados e domingos entre as 8h30 e as 13 horas. Recorde-se que a recolha é feita pelo Município de forma gratuita.